top of page


Críticas



MOUNTAINS I

Um convite para entrar num universo interior, onde a paisagem é menos geográfica e mais emocional. As formas que lembram montanhas ou ilhas, mas parecem, acima de tudo, símbolos de presenças silenciosas que habitam a memória. O contraste entre luz e sombra, entre brancos, cinzentos e negros, dá voz a uma tensão íntima: a serenidade aparente das águas e, ao mesmo tempo, a densidade quase sufocante da matéria.
É uma obra que não se olha apenas - sente-se. Fala-nos de silêncio, de força, de permanência e também de fragilidade. Um reflexo da paisagem interior que todos carregamos, feita de contrastes, sombras e clarões inesperados.

Amadeu Ricardo

________________



O SOM DA CORES

Imagine que cada cor tem uma voz. Cores que não se veem, mas que se ouvem como o trinado dos pássaros, nas ramadas escondidas e frondosas da natureza verde e reluzente que se destaca ao nosso olhar exigente e simultaneamente maravilhado.
O azul do céu, no pico do verão, não se remete ao silêncio. É um som vasto e profundo, como o zumbido longínquo do universo. É a nota sustentada de um violoncelo, tocado sobre o mar.
O verde da floresta transforma-se numa melodia. É o sussurro das folhas ao vento, o crepitar da ramada, o canto fascinante do pássaro escondido. Uma sinfonia fresca e incrivelmente suave e húmida.
O amarelo do sol, esse, é um grito de alegria.  Som de trompetes a anunciar o dia, o riso de uma criança, o tilintar de cristais de copos que brindam! É uma vibração de sinfonia alegre e muito divertida.
O vermelho é o som mais ousado e quente. É o estalar do fogo na lareira, o bater de um tambor, o sussurro em agonia, o beijo dos lábios que se conjugam no ato de amar. É intenso, como o latejar do sangue no nosso corpo.
O branco é o som do princípio. É o silêncio puro da neve a cair, é a nota de piano que se prolonga na sala. É o silêncio da alma. É a paz.
E o preto? O preto é o som do fim da música. É o último acorde que se desvanece, o eco que fica na sala vazia. Não é o silêncio da ausência, mas o silêncio cheio de tudo o que já foi ouvido.
Se fecharmos os olhos e prestarmos atenção, talvez consigamos ouvir o mundo a pintar-se. Porque as cores não são apenas para os olhos. São para o coração que as sente cantar.

Daniel Braga


 

Início: Bem-vindo
bottom of page